29.6.12

The Glee Project e a geração onde tudo é bullying

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Glee Project: quanto mais coitadinho, melhor.

Como toda banda que explode no primeiro CD, para se firmar no mercado, é preciso lançar um segundo disco, tão bom (ou melhor) quanto o primeiro. A regra é clara, simples está aí desde os tempos mais primórdios. Isso funciona para a televisão também. Passado o hype da estreia da primeira e bem sucedida temporada do ''The Glee Project'', onde aspirantes à fama, se submetem - à quase tudo - por um papel de miséros sete episódios em Glee, a galinha dos ovos de ouro do canal FOX, a idéia que se tem é a mesma, este ano o programa precisa fazer o mesmo sucesso que no ano passado. Recentemente, nos Estados Unidos, aconteceu a estreia do segundo ano do reality show, que premeou não só um mas QUATRO participantes no ano passado, deixando claro que a disputa é uma espécie de ''Casa dos Artistas'' onde Ryan Murphy (neste caso, Silvio Santos) criador da série e do reality, manda e desmanda e faz o que bem entende com seus púpilos a astros de Hollywood. Na nova temporada do programa destaca-se o diversificado time de competidores que agora é formado por um rapaz cego, uma cadeirante, uma transsexual, uma mulçumana turca dentre outras ''minorias'' que se adeptam facilmente ao contexto da série.

Com dois episódios vistos, o que se vê é uma incrivel melhora na edição e agilidade do reality, que diga-se de passagem, nunca deixou a desejar no quesito ''acontecimento''. Tudo acontece nesse programa, a todo o tempo. Imperdível para quem gosta de acompanhar um reality show cheio de ''causos''. Com menos de três eliminações o quadro que os participantes e enxergam são: aparentemente são todos piores que os participantes da primeira temporada, uma candidata desistiu apenas por sentir saudades da familia (duas semanas de confinamento, duas), o rapaz cego é dono de um ego maior que sua altura e mal deixa os outros participantes falarem, a semana do tema ''vulnerabilidade'' ajuda a mostrar que cada vez mais estamos diantes da geração onde tudo é bullying. ''Conhecido'' aqui no Brasil após o ato de preconceito na UNIBAN, onde a estudante (e agora ''atriz'', Geisy Arruda) foi ovacionada por andar pela universidade vestindo um micro-vestido, o famoso e tão falado ''bullying'' é coisa das antigas lá nos Estados Unidos, é verdade que o retrato colegial ambientado em filmes e séries é bem verdadeiro ao que realmente acontece por lá, mas a geração ''Glee'' por sua vez, vive um momento onde tudo, tudo mesmo, é considerado bullying.

Na semana da individualidade fica claro que quanto mais coitadinho se é, quanto mais reprimido você for, você se encaixa nos moldes do ''padrão'' que os produtores da série buscam. Fica claro nas cenas, a forçação de barra  que é, tanto para os participantes quanto para os ''conselheiros'', que tudo aquilo não passa de encenação, enquanto ambos tentam passar ''verdade'' no que chamamos de ''reality''. O ápice do alarde de uma das participantes, é quando a mesma conta que o maior bullying que já sofreu na vida foi quando ''colegas'' de escola descobriram que sua mãe era uma viciada em crack. Ou também quando um asiático fala o quanto é dificil ser um heterossexual que foi criado por duas mulheres e ter que lidar com seu jeito afeminado.

É claro, é a magia da série, é o que move todos esses milhões de telespectadores, é uma série sobre os ''underdogs'' (como Ryan adora frisar), mas a forçação de barra para que toda a mágica aconteça é extremamente maior. Contudo, os números no quesito audiência estão convincentes, e ao que tudo indica, o programa será renovado por mais um ano (junto com a série), a megalomaniaca fábrica de aspirantes ao sucesso de Ryan, um jogo onde todos são ''coitadinhos'' que vivem sobre suas regras parece que, assim como a série que deu origem a tudo isso, irá permanecer por mais alguns anos, formando o carater de vários ''underdogs'' ao redor do mundo.

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